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A oitava edição da revista VeraCidade, publicação da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano, Habitação e Meio Ambiente (SEDHAM/PMS) discute as atuais configurações das metrópoles, os desafios da implementação de modelos participativos de planejamento e gestão, além de abordar temas como mercado de trabalho, percepção de risco urbano-ambiental, autonomia política, carnaval, relação sociedade e natureza, direito à água e religiosidade.

Ângela Franco nos traz uma rica análise dos processos que conduzem as metrópoles ao epicentro da crise social e urbana, destacando os novos termos nos quais se trava a competitividade entre negócios e lugares e os dilemas colocados a Salvador e sua região metropolitana pela chamada era flexível, particularmente no que diz respeito ao seu crescimento econômico e à constituição da cidadania. Aprofundando essa reflexão, Luiz Chateaubriand Cavalcanti, Laumar Neves e Leormínio Moreira, recorrendo à metodologia utilizada na construção do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), elaborado pela Organização das Nações Unidas (ONU), analisam a dinâmica do mercado de trabalho de uma das regiões metropolitanas mais importantes do país, a Região Metropolitana de Salvador (RMS), entre os anos de 1997 e 2009. Com base na elaboração de um índice para avaliar a evolução desse mercado constatam a melhoria nas condições de funcionamento do mercado de trabalho na RMS.

Mônica Mac-Allister e Élvia Fadul, a partir de uma abordagem teórica e conceitual, fazem uma reflexão sobre modelos participativos de planejamento e gestão urbanos, na qual é desenvolvido um conceito que busca integrar planejamento e gestão, e técnica e participação. O texto analisa as duas Conferências da Cidade de Salvador, realizadas em 2003 e 2005 e conclui que esse modelo participativo de planejamento e gestão apresenta, ao lado de possibilidades, limitações que precisam ser superadas em prol da eficiência e da eficácia dos processos participativos para a governabilidade e a governança. O texto de Fátima Falcão apresenta um estudo de caso desenvolvido na comunidade de Padre Hugo, localidade ocupada por uma população situada nas menores faixas de renda, encravada em encostas instáveis de Salvador no bairro de Canabrava, e discute a percepção de risco dos seus moradores, destacando a relevância da incorporação dessa variável na construção de políticas públicas.

O texto de Paulo Fábio aborda o tema da autonomia política da Cidade do Salvador. A reflexão desenvolvida discute a incapacidade das forças políticas apresentarem soluções à metrópole Salvador e o argumento de que a cidade sofre, historicamente, um bloqueio provocado por estas forças, que ali atuam, de equacionar um contencioso latente em torno de interesses, valores e práticas vinculados à configuração urbana e conclui que as lacunas detectadas no debate eleitoral em curso indicam uma dissimulação da natureza política da crise e consequente restrição da política praticada na metrópole soteropolitana – demonstrando que falta autonomia de reflexão e de ação, o que nos coloca aquém até mesmo do que seria requerido pela condição de cidade.

Cláudia Albagli analisa a questão do meio ambiente urbano a partir dos conceitos marxistas da relação homem-natureza e da sua noção de crise. O texto discute o modo como as crises cíclicas do sistema capitalista atingem as capitais brasileiras, que vivenciam, em sua maioria, um processo de forte especulação imobiliária e aprofundamento dos processos de exclusão social. Fundamentando-se em um rico referencial de cunho marxista e de um levantamento dos dispositivos jurídicos protetores do meio ambiente urbano, o trabalho alerta para a necessidade de, no atual contexto de redemocratização, colocar em pauta a necessidade de construção democrática do espaço urbano. Carlos Frederico Loureiro e Gustavo Gomes apresentam em seu texto uma rica discussão sobre a luta social pelo direito às águas, destacando seus usos múltiplos e a necessidade de garantir o direito humano à água.

A VeraCidade apresenta no seu Ponto de Vista, o texto de Paulo Miguez que discute o carnaval de Salvador, destacando o processo que converte essa festa em um negócio - deixando de ser uma manifestação da cultura baiana. E aponta a necessidade de construção de soluções que devem ultrapassar o plano da economia da festa. A entrevista com Dom Gregório, bispo auxiliar de Salvador, fala da sua relação com o sacerdócio, da importância da religiosidade no mundo contemporâneo, da vida em Salvador e de outros temas. O Ensaio apresenta O Navio Negreiro de Castro Alves e a obra de Mestre Didi, artista e sacerdote - sua arte é um feixe de luz sobre nossos mitos e tradições ancestrais.

Paulo Sérgio Damasceno Silva
Secretário Municipal de Desenvolvimento Urbano, Habitação e Meio Ambiente

João Henrique Barradas Carneiro
Prefeito da Cidade do Salvador