Ermínia Maricato

A reestruturação produtiva do capitalismo no final do século XX produz um novo homem, assim como aconteceu com o fordismo anteriormente. A globalização, como é chamado esse movimento, transforma aspectos objetivos e subjetivos da vida social. Acompanhada pela ideologia neoliberal, a globalização sucede o welfare state desconstruindo as políticas sociais que haviam marcado o capitalismo central após a Segunda Guerra Mundial. Se, nos países centrais esse impacto foi significativo, nos países periféricos, onde a desigualdade social e o patrimonialismo são marcas históricas, o efeito foi devastador. Os paradoxos desse quadro têm nas cidades dos países capitalistas periféricos um lócus privilegiado de leitura. Desemprego, recuo das políticas sociais, privatizações, desregulamentações, ampliação da internacionalização, aumento da concentração de poder, juntamente com outras características da globalização, desabam sobre cidades que carregam uma herança histórica pesada: segregadas, fortemente informais, marcadas pelo mercado imobiliário restrito (ou de luxo) e dominadas pelo patrimonialismo e pela política do favor. O planejamento urbano também sofreu o impacto das políticas neoliberais e a receita do “planejamento estratégico” aportou com seus consultores nas cidades brasileiras ou latino- americanas. Após constatar e criticar os novos parâmetros da dominação globalizante e neoliberal o texto termina com sugestões que podem constituir um espaço de resistência e ação política para aqueles que se organizam na luta democrática urbana.

Palavras-chave: Planejamento urbano. Globalização. Reestruturação produtiva. Estado
 
Abstract

The productive restructuring of capitalism at the end of the 20th Century produces a new man, as it happened to fordismo before. Globalization, as that movement is called, transforms objective and subjective aspects of social life. Accompanied by the neo-liberal ideology, globalization succeeds the welfare state destroying the social policies that had marked the central capitalism after World War II. If in the central countries that impact has been meaningful, in the peripheral countries, where social inequality and patrimonialismo are historical marks, the effect has been devastating. The paradoxes of that picture have a privileged locus of reading in the cities of peripheral capitalist countries. Unemployment, reassessment of social policies, privatizations, desregulamrntações, broadening of internationalization, increase of power concentration together with other globalization characteristics tumble over the cities that carry a heavy historical inheritance: isolate, strongly informal, marked by restricted real state market (or luxurious) and dominated by patrimonialismo and by favor policy. Urban planning has also suffered the impact of neoliberal policies and the recipe for “strategic planning” has come with their consultants in Brazilian or Latin American cities. After noticing and criticizing the new parameters of globalizing and neoliberal domination, the text finishes with suggestions that can constitute a resistance space and political action for those who get organized in the urban democratic fight.

Key-words: Urban planning. Globalization. Productive restructuring. State